14 dez Data Analytics aplicado ao Setor Público
1. Data Analytics no Setor Público
A incorporação de data analytics no setor público representa uma revolução silenciosa, porém profunda, na forma como governos planejam, monitoram e entregam serviços à população. A análise de dados passou de ferramenta auxiliar para elemento central da tomada de decisão informada, com impacto direto em eficiência, transparência e inovação (McKinsey, 2021).
Segundo o McKinsey Global Institute, a aplicação de data analytics e ciência de dados no setor público pode gerar até US$ 1,2 trilhão por ano em valor econômico e social globalmente, por meio da otimização de recursos e reorientação estratégica das políticas públicas.
2. Exemplos práticos e casos de uso
2.1 Prevenção de abandono imobiliário em Cincinnati (EUA)
Uma experiência emblemática ocorreu em Cincinnati, quando Ed Cunningham, então chefe de fiscalização de código de construção, uniu forças com pesquisadores do programa Data Science for Social Good da Universidade de Chicago. Combinando 14 anos de dados municipais, desenvolveu-se um modelo preditivo que identificava imóveis com risco de deterioração.
A eficácia saltou de 53 % no método tradicional para 78 % com o modelo analítico.
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2.2 Gestão da COVID-19 em Valência (Espanha) com AI
Durante a pandemia, a cientista de dados Nuria Oliver liderou um projeto que utilizava dados de telefonia móvel e pesquisas para prever os picos de infecção e apoiar a alocação de recursos de saúde. Os modelos preditivos tiveram papel crucial na resposta regional. A equipe foi reconhecida com o XPRIZE por seu sistema preditivo e prescritivo IA.
2.3 Transparência e dados abertos – DataViva (Minas Gerais, Brasil)
A plataforma DataViva, criada em parceria com o MIT Media Lab, oferece visualização de dados econômicos e industriais de municípios brasileiros por meio de oito aplicações interativas e mais de 100 milhões de visualizações possíveis. A iniciativa democratiza o acesso a informações estratégicas, reforçando transparência e análise pública
3. Oportunidades para a gestão pública
3.1 Otimização de recursos e orçamento
A alocação eficiente de recursos públicos é um dos principais desafios enfrentados por gestores municipais e estaduais. Tradicionalmente, a definição orçamentária baseava-se em séries históricas de gastos ou em pressões políticas de curto prazo, o que muitas vezes resultava em desequilíbrios e desperdícios. Com o uso de data analytics, é possível analisar padrões de consumo de serviços públicos, cruzando-os com dados socioeconômicos e demográficos. Essa abordagem permite identificar áreas com maior demanda reprimida e redirecionar investimentos para onde terão maior impacto social.
Um exemplo prático é a aplicação de modelos de previsão de demanda na saúde pública. Ao analisar registros de atendimento em unidades básicas, é possível antecipar surtos sazonais e ajustar estoques de medicamentos, reduzindo custos com emergências hospitalares. De modo semelhante, em políticas de educação, a análise preditiva de matrículas pode indicar regiões que necessitam de novas unidades escolares, evitando sobrecarga em determinadas áreas. Estudos recentes apontam que governos que adotam tais ferramentas conseguem aumentar a eficiência orçamentária em até 20% (AL ROUSAN, 2024).
3.2 Prevenção e melhoria da segurança pública
A segurança pública é uma área particularmente sensível à adoção de soluções analíticas. O uso de dados históricos de criminalidade, associados a informações geoespaciais e socioeconômicas, possibilita a criação de mapas de calor que identificam zonas críticas de incidência criminal. Essas informações permitem que forças policiais ajustem a distribuição de efetivos de forma preventiva, reduzindo a ocorrência de delitos e aumentando a percepção de segurança da população.
Experiências internacionais, como o programa CompStat implementado em Nova York, demonstraram que a análise de dados pode reduzir significativamente índices de criminalidade. No Brasil, diversas capitais já utilizam business intelligence aplicado à segurança, monitorando ocorrências em tempo real e cruzando dados de câmeras de vigilância com sistemas de denúncia anônima. Além disso, técnicas de aprendizado de máquina permitem prever padrões de comportamento associados a crimes organizados, possibilitando intervenções rápidas e estratégicas (DATA SCIENCE CENTRAL, 2024).
3.3 Urbanismo inteligente e mobilidade
O crescimento urbano desordenado nas últimas décadas aumentou a pressão sobre os sistemas de mobilidade e planejamento das cidades brasileiras. Nesse contexto, a integração de dados espaciais, obtidos por meio de sistemas de geoprocessamento como o QGIS, com informações operacionais de transporte público, possibilita a construção de cenários precisos para orientar políticas de mobilidade. Essa prática, conhecida como urban analytics, permite avaliar, por exemplo, a eficiência de linhas de ônibus, identificar gargalos viários e projetar intervenções com base em evidências.
Além do transporte, o uso de data analytics no urbanismo inteligente também abrange a gestão ambiental e o uso do solo. Combinando dados de densidade populacional, padrões de deslocamento e registros de poluição atmosférica, gestores públicos podem planejar áreas de adensamento controlado e estimular a adoção de modais sustentáveis, como bicicletas e veículos elétricos. Segundo relatório da DataHub Analytics (2024)⁷, o uso de tecnologias de análise integrada em mobilidade pode reduzir em até 15% o tempo médio de deslocamento urbano, ao mesmo tempo em que diminui emissões de gases de efeito estufa, alinhando-se a agendas de sustentabilidade e resiliência urbana.
4. Uma palavra final
A análise de dados aplicada à gestão pública já demonstrou resultados concretos em diferentes contextos: desde a redução da deterioração urbana nos EUA até respostas rápidas à pandemia na Espanha. Ainda no Brasil, iniciativas como DataViva pavimentam novos caminhos para a transparência e inovação local. Essas experiências ilustram o potencial transformador — e acessível — do data analytics na administração pública.
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